Vinte anos depois de jamais ter mandado uma carta:
- Meu neto querido, tenho tanto orgulho de ti! Me leve à Caixa Econômica?
- Sim, vóinha.
Uma hora depois:
- Pelo menos foi rápido. A situação está muito difícil, meu neto. A gerente chamou porque a conta estava zerada. Mas pra semana a pensão entra. Aproveite que já estamos por aqui e vamos ao supermercado, que sua prima quer lhe fazer umas panquecas.
- Claro, vóinha!
Uma hora, dois pacotes de biscoito, três de farinha de milho, um frango congelado inteiro, Toddy, pão, abóbora, refrigerante, leite condensado, creme de leite, leite de côco em pó, doze ovos e uma farinha para canjica (na ordem mais aleatória possível, além de outros itens irrecordáveis) depois:
- São cinquenta e seis reais, senhora.
- Oxe, tenho só trinta aqui.
Silêncio constrangedor. A fila aumenta, proporcionalmente. O neto paga a diferença. E jamais levará a avó para a Caixa Econômica Federal novamente.